sábado, 2 de agosto de 2008

NEOQEAV

Sei lá, deu vontade de postar isso aqui...
Estou na fase do só me fodo mesmo...

Meus avós já estavam casados há mais de cinqüenta anos e continuavam jogando um jogo que haviam iniciado quando começaram a namorar.
A regra do jogo era que um tinha que escrever a palavra "Neoqeav" num lugar inesperado para o outro encontrar e assim quem a encontrasse deveria escrevê-la em outro lugar e assim sucessivamente.
Eles se revezavam deixando "Neoqeav" escrita por toda a casa, e assim que um a encontrava era sua vez de escondê-la em outro local para o outro achar.
Eles escreviam "Neoqeav" com os dedos no açúcar dentro do açucareiro ou no pote de farinha para que o próximo que fosse cozinhar a achasse. Escreviam na janela embaçada pelo sereno que dava para o pátio onde minha avó nos dava pudim que ela fazia com tanto carinho.
"Neoqeav" era escrita no vapor deixado no espelho depois de um banho quente, onde a palavra iria reaparecer depois do próximo banho.
Uma vez, minha avó até desenrolou um rolo inteiro de papel higiênico para deixar "Neoqeav" na última folha e enrolou tudo de novo.
Não havia limites para onde "Neoqeav" pudesse surgir.
Pedacinhos de papel com "Neoqeav" rabiscado apareciam grudados no volante do carro que eles dividiam.
Os bilhetes eram enfiados dentro dos sapatos e deixados debaixo dos travesseiros.
"Neoqeav" era escrita com os dedos na poeira sobre as prateleiras e nas cinzas da lareira. Esta misteriosa palavra tanto fazia parte da casa de meus avós quanto da mobília. Levou bastante tempo para eu passar a entender e gostar completamente deste jogo que eles jogavam. Meu ceticismo nunca me deixou acreditar em um único e verdadeiro amor, que possa ser realmente puro e duradouro.
Porém, eu nunca duvidei do amor entre meus avós.
Este amor era profundo. Era mais do que um jogo de diversão, era um modo de vida.
Seu relacionamento era baseado em devoção e uma afeição apaixonada, igual as quais nem todo mundo tem a sorte de experimentar. O vovô e a vovó ficavam de mãos dadas sempre que podiam.
Roubavam beijos um do outro sempre que se batiam um contra outro naquela cozinha tão pequena. Eles conseguiam terminar a frase incompleta do outro e todo dia resolviam juntos as palavras cruzadas do jornal. Minha avó cochichava para mim dizendo o quanto meu avô era bonito, como ele havia se tornado um velho bonito e charmoso.
Ela se gabava de dizer que sabia como pegar os namorados mais bonitos.
Antes de cada refeição eles se reverenciavam e davam graças a Deus e bençãos aos presentes por sermos uma família maravilhosa, para continuarmos sempre unidos e com boa sorte.
Mas uma nuvem escura surgiu na vida de meus avós: minha avó tinha câncer de mama. A doença tinha primeiro aparecido dez anos antes.
Como sempre, vovô estava com ela a cada momento.
Ele a confortava no quarto amarelo deles, que ele havia pintado dessa cor para que ela ficasse sempre rodeada da luz do sol, mesmo quando ela não tivesse forças para sair.
O câncer agora estava de novo atacando seu corpo.
Com a ajuda de uma bengala e a mão firme do meu avô, eles iam à igreja toda manhã. E minha avó foi ficando cada vez mais fraca, até que, finalmente, ela não mais podia sair de casa. Por algum tempo, meu avô resolveu ir à igreja sozinho, rezando a Deus para zelar por sua esposa. Então, o que todos nós temíamos aconteceu.
Vovó partiu.
"Neoqeav"foi gravada em amarelo nas fitas cor-de-rosa dos buquês de flores do funeral da vovó.
Quando os amigos começaram a ir embora, minhas tias, tios, primos e outras pessoas da família se juntaram e ficaram ao redor da vovó pela última vez.
Vovô ficou bem junto do caixão da vovó e, num suspiro bem profundo, começou a cantar para ela.
Através de suas lágrimas e pesar, a música surgiu como uma canção de ninar que vinha bem de dentro de seu ser. Me sentindo muito triste, nunca vou me esquecer daquele momento. Porque eu sabia que mesmo sem ainda poder entender completamente a profundeza daquele amor, eu tinha tido o privilégio de testemunhar a beleza sem igual que aquilo representava.
Aposto que a esta altura você deve estar se perguntando:
"Mas o que Neoqeav significa?"
Nunca Esqueça O Quanto Eu Amo Você = "NEOQEAV"

sábado, 26 de julho de 2008

Happy Birthday to you!

Como é bom chegar aqui e dizer isso...
Principalmente depois de ver você de novo!
Rir, conversar, falar besteiras, virar ice com você...
Cara, tudo o que a gente não tinha feito na minha viagem anterior... Ou quase tudo!
Ainda vamos fazer bagunça, muita bagunça!
Tomar mais ice, vinho e fazer outras coisas que não fizemos...
E pensar que não ia te ver mais, sabia?
Sabe aquela sensação que a gente tem de não imaginar ver a pessoa que ama novamente?
É, eu vi você...
E não tem preço...
Nada do que aconteceu tem preço...
Estou fazendo essa bagunça toda pra desejar um feliz aniversário pra você, Boneca de Cera, e dizer que te amo demais...
E também tava na hora de atualizar essa bodega aqui!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

'Artista' que matou cão de fome foi convidado novamente

Como muitos devem saber e até ter protestado, em 2007, Guillermo Vargas Habacuc, um suposto artista, colheu um cão abandonado de rua, atou-o a uma corda curtíssima na parede de uma galeria de arte e ali o deixou, a morrer lentamente de fome e sede.

Durante vários dias, tanto o autor de semelhante crueldade, como os visitantes da galeria de arte presenciaram impassíveis à agonia do pobre animal, até que esse finalmente morreu de inanição, seguramente depois de ter passado por um doloroso, absurdo e incompreensível calvário.

Pois isso não é tudo: a prestigiosa Bienal Centroamericana de Arte decidiu, incompreensivelmente, que a selvageria que acabava de ser cometida por tal sujeito era arte, e deste modo tão incompreensível Guillermo Vargas Habacuc foi convidado a repetir a sua cruel ação na dita Bienal em 2008, fato que podemos tentar impedir, colaborando com a assinatura nesta petição:

segunda-feira, 21 de abril de 2008

A vida

Há quanto tempo não apareço por aqui...
Os dias estão correndo, sinto tudo indo rápido demais.
Sinto que está cada vez mais próxima a minha entrada no Mosteiro da Santa Face e do Puríssimo e Doloroso Coração de Maria.
Estou lutando para isso.
Na sexta-feira passada eu fiz um retiro de 12h com as irmãs do Mosteiro, a convite da Madre Superiora.
No sábado nós conversamos e ela me disse que, num dos momentos em que foi à capela (pois as irmãs são enclausuradas, elas não podem aparecer em público, então tem um lugar na igreja em que elas ficam atrás das grades, quase não as vemos), me viu ajoelhada rezando. E sempre que passava pela capela, me via ajoelhada, absorta em oração.
Ela disse que viu em mim que não consigo mais viver no mundo, ou seja, que mais do que nunca é hora de lutar pela minha vocação.
O padre que estava me "atrapalhando" disse que ia me ajudar. Pedi a ele que fosse meu Diretor Espiritual e que me ajudasse nesse empreendimento. Ele disse que ia me ajudar, sim, e viu que a minha vocação está cada vez mais forte.
Sinto que estou buscando mais a Deus e desistindo do mundo mesmo.
Não me importo com as coisas materiais.
Importo-me em ajudar os outros, com a oração, com tudo o que envolve o lado espiritual.
Bom, antes disso, na quinta-feira, dia 17, eu fiz perícia médica no INSS.
O médico, além de não olhar pra minha cara, não leu o laudo do meu médico, mal fiquei 10 minutos, fez perguntas básicas, digitou algo no computador e falou pra eu buscar o resultado hoje. Só que hoje é feriado, amanhã eu busco o resultado.
Estou um pouco apreensiva.
É normal...
Demorei tanto a escrever que são tantos os assuntos...
Ai, no dia 18, dia em que fiz o retiro na Igreja de São José, completei 10 meses sem auto-mutilação.
Nossa, é uma grande vitória para mim!
Às vezes sinto-me impotente diante de algumas situações.
Na comunidade Não à auto-mutilação é uma luta constante.
Uma das amigas da comunidade disse-me no MSN que foi uma prova de coragem muito grande a minha ao abrir uma comunidade dessas. Passei-a pra Nah quando o médico me "ameaçou" internar de novo em março do ano passado.
Está em boas mãos, sou moderadora, preocupo-me com as pessoas.
Agora, os absurdos que envolvem tudo são incríveis.
Teve uma matéria publicada no IG Jovem que falou claramente que a AM é uma modinha.
Nossa, foi uma explosão na comunidade!
Estamos buscando um meio de fazer o contra-argumento, uma reportagem séria e que fosse publicada, sendo assinada pela comunidade.
Bom, acho que vou ficando por aqui, o post está gigante!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Correria!

Nossa, que semana corrida que eu tive essa última...
Tive tantas surpresas, tanto agradáveis quanto desagradáveis.
Estou feliz porque vou ajudar no catecismo das crianças da Primeira Comunhão na Igreja de São José, aqui perto de casa, aos sábados, 15h.
A Madre Superiora do Mosteiro me pediu para ensaiar a Lúcia de Fátima no Ofício Divino (em latim). Ela tem dificuldades em manter o tom, então estou ensaiando-a bastante.
É bom também que eu aprendo um pouco!
Hoje o Padre Hélio, que me dá aulas de latim, me parabenizou e reconheceu meu esforço nas aulas.
Fiquei tão feliz!
Ele até comentou com a Madre que estou indo bem nas aulas, tanto eu quanto o Luciano (que o ajuda na missa todos os dias).
A Madre comentou com ele que é muito bom eu estar assistindo a essas aulas porque eu tenho um grande desejo (conforme ela falou com o padre) de entrar no Mosteiro e as aulas vão ajudar muito lá dentro.
Agora espero ansiosamente minha perícia agora em abril.
Fui ao médico hoje.
Tudo está correndo bem.
Minha mãe é que não anda muito bem.
Estou preocupada com ela.
Hoje é dia 04/04 e o dinheiro está apertado...
Meu Deus, como tudo depende do dinheiro!

sábado, 29 de março de 2008

Por que será?

Por que será?
É uma frase que martela na minha cabeça.
Ontem foi meu aniversário e meu pai se esqueceu dele.
Não queria e nem quero presente, nem nada, mas queria a presença dele.
Afinal, ele é o meu pai, mesmo separado da minha mãe.
No domingo passado ele me fez o favor de aparecer aqui em casa com um ovo de Páscoa (coisa que ele nunca fez em toda a vida dele), mas eu tinha visto pela janela a tal mulher dele, que é mais nova do que eu 4 anos.
Foi uma afronta.
Minha mãe disse que nunca havia me visto tão triste como naquele domingo.
Está tudo tão estranho na minha vida...

domingo, 23 de março de 2008

Qualquer dia a gente vai se encontrar...

Canção da América
(Milton Nascimento)


Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de sete chaves,
Dentro do coração...
Assim falava a canção que na América ouvi,
Mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir,
Mas quem ficou, no pensamento voou,
Com seu canto que o outro lembrou...
E quem voou, no pensamento ficou,
Com a lembrança que o outro cantou.

Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito,
Mesmo que o tempo e a distância digam "não",
Mesmo esquecendo a canção.
O que importa é ouvir a voz que vem do coração.

Pois seja o que vier,
Venha o que vier,
Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar,
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar...

sábado, 15 de março de 2008

Dores

Demoro a aparecer aqui, mas sempre venho contar alguma coisa "ruim".
Não é fácil conviver com os transtornos e os pensamentos, sejam suicidas ou não.
Hoje resolvi contar um fato que marcou a minha vida...
A morte da minha avó materna.
Isso foi em outubro de 2004, eu tinha 24 anos na época.
Trabalhava no BB em Carmo-RJ, divisa do RJ com MG.
Eu sabia que a minha avó estava mal e que não demoraria muito para ir para o outro lado.
Quando vim na casa da minha mãe num feriadão de outubro daquele ano, trabalhei na segunda e terça e quarta eram feriados (dias 11 e 12/10).
Viajei na noite de segunda-feira pra amanhecer na terça e viajei na quinta de manhã pra engatar direto no trabalho.
Na quarta-feira, dia 12, foi o último dia que vi a minha avó viva.
Logo no fim-de-semana seguinte, na sexta-feira, ela deu outra esquemia e foi internada.
Há 3 meses ela já não falava.
Minha mãe só foi me contar no domingo.
Na segunda-feira amanheci meio estranha, tinha que chegar mais cedo ao banco.
Aconteceu uma loucura a nível nacional no sistema e o banco só abriu às 14h (tendo que fechar às 15h, cidade do interior).
Eu estava no caixa, fazendo treinamento.
Por causa das quedas bruscas de sistema, tive uma diferença enorme.
Não achava a bendita.
Estava angustiada, tinha tido notícias da minha avó, sabia que ela estava se alimentando bem e tal, mas algo me preocupava.
Às 17h apareceu a diferença.
Fiquei até as 17h 15min tentando encontrá-la e achei-a.
Nesse mesmo instante, minha avó entrava em coma e ia de encontro ao meu avô.
Durante a sua agonia foi o meu momento de angústia da diferença no caixa.
Bom, quando cheguei em casa, quase 19h, minha mãe me ligou pro celular e pediu pra ligar de volta pra ela. O meu primeiro pensamento foi a minha avó.
Eu tinha me esquecido que tinha dado um celular novo pra minha mãe e estava ligando para o número antigo.
Quando dei por mim, consegui a ligação.
Aí ela me contou que vovó tinha desencarnado.
Aí entrei em parafuso, liguei para um dos gerentes para falar sobre isso e ele me autorizou faltar terça-feira, desde que na quarta estivesse de volta.
Eu sabia que o enterro de vovó seria na terça e na quarta de manhã eu poderia pegar o ônibus e voltar para Carmo.
Peguei o ônibus das 02h da manhã para minha cidade. Tive que chamar um taxista conhecido para me levar até o ponto, pois eram 20min de carro e aquela hora não tinha ônibus.
Normalmente o ônibus chegaria na cidade às 06h da manhã, mas como era segunda, o ônibus estava vazio, as rodoviárias vazias, chegou na minha cidade às 05h.
Desci direto no ponto perto do velório. Minha mãe e minha tia me esperavam.
Eu estava sem dormir há mais de 24h.
Fui ao velório direto e vi aquela imagem.
Como me marcou!
Fui em casa trocar de roupa.
Às 06h o corpo ia de São Fidélis para Cambuci, onde seria enterrado às 14h.
Eu tive sorte de chegar cedo.
As horas não passavam.
E eu acompanhei a minha avó.
Às 14h bateu o desespero.
Era o momento final.
Botei os óculos escuros e fui para o cemitério.
Vi o enterro chorando muito.
Sabia que tinha perdido a minha avó, a quem tanto amava e que me criou com tanto carinho.
Ao voltar pra casa da minha mãe, um vazio.
E no dia seguinte, o trabalho.
Viajei no ônibus das 05h 30min e fui pra Carmo trabalhar.
Pelo menos aliviou a tensão.
Em menos de uma semana entraria de férias.
Eu as tinha "atrasado" um pouco para ficar com a minha avó mais um pouco, mas vi que não foi possível...
Resta a saudade...

terça-feira, 11 de março de 2008

Hoje...

Hoje estou estranha...
Muito estranha...
Com medo de mim mesma...

domingo, 9 de março de 2008

Um dia...

Eu disse que um dia eu contaria o que aconteceu no post passado.
E resolvi contar hoje.
Sabe quando você está decidido a dar cabo de sua vida?
Pois é, era um desses dias.
Eu estava decidida mesmo.
Aí tomei os remédios e misturei cerveja, não pouca, mas muita cerveja mesmo.
Eu estava conversando com a mana no MSN.
Eu senti minhas forças se esvaindo, estava eu entrando praticamente em coma alcoólico no mínimo.
Mas eu tinha a mana do outro lado.
Temos a capacidade de nos desdobrarmos e nos auxiliarmos mutuamente.
Naquele dia, por exatas 3 vezes eu estava abandonando meu corpo físico.
Num determinado momento, tombei a cabeça para trás da cadeira e não senti minhas pernas.
Se eu levantasse, cairia, sem dúvida alguma.
Lembro-me vagamente de um determinado momento ter sentido sair do meu corpo.
Devia ser o fim, né?
Senti-me sendo puxada, devia ser quem estava me "acompanhando". Sei que não eram poucos.
Mas vi a mana do meu lado.
Ela estava com suas longas asas abertas e me cobriu com elas.
De repente, abri os olhos.
Nossa, o que tinha acontecido?
Eu tinha ido e voltado do outro lado da vida?
Foi uma experiência indescritível.
A mana falou de um campo florido, o nosso segredo.
Pude retornar tranqüilamente ao meu corpo.
Sentindo-me cansada, depois de mais alguns cortes no braço, fui para o meu quarto.
A mana disse que eu seria libertada da muita coisa.
Na cama, como que um filme, passaram cenas e mais cenas que eu vivi e eram traumatizantes para mim.
Vi as mortes, os velórios, os enterros.
Estavam saindo de mim como um raio cada um desses momentos.
Lembro que eu suava frio e me contorcia na cama, como um pesadelo vivido a olhos abertos.
Olhei para o lado e vi a mana acompanhada de minha amiga que havia falecido em 1997, por suicídio.
Essa minha amiga, Jocilanda, apontou pra mim e falou "anjo".
Apenas isso.
E a mana me confirmou isso no dia seguinte.
Que anjo sou eu?

sábado, 8 de março de 2008

Auto-Mutilação

O que falar desse assunto?
Por exemplo, são quase 9 meses sem auto-mutilação de minha parte.
É um assunto difícil para mim.
Convivo com esse fantasma há mais de 4 anos, sendo que há 9 meses não me auto-mutilo.
Controvérsias há em todos os sentidos.
O que leva uma pessoa a se auto-mutilar?
São vários fatores.
Há aqueles que se cortam por moda, como os emos, e há aqueles que se cortam por conta de um distúrbio ou vários.
Vários são os distúrbios que podem desencadear a auto-mutilação: depressão, ansiedade, transtorno bipolar do humor, transtorno de personalidade borderline, fobia social, síndrome do pânico e tantos outros.
Eu comecei a me cortar por depressão.
Até então eu não tinha um diagnóstico preciso do que eu tinha.
Numa comunidade do orkut, um amigo perguntou num tópico sobre um surto Bipolar tipo I.
Eu tive esse diagnóstico entre tantos outros.
Relato abaixo o post que eu fiz, mostrando a minha cara.

Depois de anos de tratamento, fui diagnosticada com Transtorno Esquizoafetivo Recorrente Grave (mistura de Esquizofrenia e Bipolaridade).
Cheguei a ter um diagnóstico de Bipolar I, passando por uma crise feia. Aliás, várias crises feias.
Mas a mais marcante foi uma vez em que eu ouvia muitas, mas muitas vozes. Elas diziam para eu me cortar e cortar muito. Eu me lembro muito bem de ter praticamente retalhado o meu braço direito (cicatrizes que tenho até hoje, isso já faz 2 anos), quase desmaiar de tanto sangrar, mas me levantei, com raiva ainda e com as vozes me enchendo o saco, comecei a socar a parede até quase sangrar e quebrar minha mão direita (detalhe, o sangue no braço direito escorrendo).
Sentei no chão, me sentindo impotente e tive uma crise de choro convulsiva.
Quando me acalmei um pouco, fui pra janela do apartamento (eu morava no segundo andar do prédio), queria me jogar de lá.
Mas dei as costas, sabia que só ia quebrar alguns ossos.
Lembro-me depois de ter tomado 10 comprimidos de Rivotril de 2mg e 6 de Fenergan e ter dormido por um fim-de-semana inteiro, sem acordar nem pra ir ao banheiro.
Acordei sem noção do tempo mesmo.
Perguntando quando era, o que tinha acontecido.
Aí vi as manchas de sangue.
E continuava o ritual de cortes e sangramentos.
Mas isso é passado.


É uma constante luta todos os dias.
Sei que esses dias tenho andado estranha.
Até que estou sem vontade de me cortar, mas pensei em tomar todos os meus remédios de uma só vez. E pensei e quase fiz isso por 2 vezes em 2 dias seguidos.
A mana falou que ia me cobrir com as suas asas porque as minhas estavam fracas demais.
Isso me lembra de um episódio ocorrido em 2006, pouco antes de eu ir para a clínica.
Num domingo à noite, eu misturei remédio com álcool (e não foi pouco álcool) e senti-me indo embora. Seria finalmente minha liberdade?
Quase me fui por 3 vezes.
A mana me "segurou" no MSN, mas vi tudo indo embora.
Ela me ensinou um segredo que carregamos do campo florido.
Depois que consegui me recobrar um pouco, depois de mais alguns cortes, eu vi a mana do meu lado.
E era de verdade, apesar da distância que nos separava e separa.
Foi uma noite estranha, mas que eu consegui dormir.
Isso foi num domingo, na quarta-feira de manhã da mesma semana eu partia para uma clínica psiquiátrica...
Um dia conto isso com mais detalhes...

sexta-feira, 7 de março de 2008

segunda-feira, 3 de março de 2008

Começando...

O que escrever de início?
Pensei em tantos nomes para o blog que fiquei perdida.
Resolvi colocar o nome de um antigo MSN meu.
Aqui vou abordar diversos assuntos.
Vou contar sobre a depressão, auto-mutilação, amores, desventuras e aventuras, vocações, quedas e levantadas.
Não sei muito o que falar de mim.
Sou uma pessoa eclética, que ama a vida, mesmo depois de ter tentado contra ela 9 vezes sem sucesso.
Amo metal melódico, rock nacional, músicas estranhas. Digo estranhas porque dizem que sou a mestra de encontrar músicas diferentes por aí, como músicas gregas, egípcias e por aí vai.
Amo poesia.
Participei do 2o. livro de Antologia dos Poetas Virtuais, lançado em dezembro.
Tenho bons amigos.
Sofri bastante no decorrer da vida.
Tenho marcas horrorosas da auto-mutilação, tanto física quanto moral.
Mas isso é outra história e fica pra outro dia...
Vou deixar aqui um dos meus poemas...


Folhas perdidas

Surge um grande momento em toda a existência,
A árvore chora suas folhas, quase todas caídas,
Sente que cai um pedaço de toda sua experiência,
A árvore pensa que está sendo sempre traída,
Mas no mundo ainda prevalece a lei da sobrevivência,
Fica o mais forte, restam apenas folhas perdidas...

Se a árvore não soubesse que o mundo dá voltas,
Tudo aquilo que há na vida deve ao início retornar,
As folhas que caem são da sua música as notas,
Não adianta querer viver somente para cantar,
Se todos conservassem no coração suas revoltas,
Quando nós conseguiríamos nos reencontrar?...

Só assim conseguimos entender o sentido da vida,
No momento em que mais precisamos de alguém,
Quando no caminho pessoa alguma nos auxilia na lida,
Vamos em frente, mas junto conosco ninguém vem,
Seria nos nossos sonhos nossa pequena asa partida,
Sabemos que há muitos males que vêm para bem...

Todos no decorrer do tempo somos folhas na verdade,
Sentindo tudo o que há de triste nas nossas vidas,
Verdes, deveríamos procurar aos poucos a felicidade,
Deixar pra trás nossas mágoas, nossas feridas,
Amadurecemos no caminho de volta à realidade,
Quando amarelas, somos apenas folhas perdidas...

E se ainda houver tempo dentro da nossa geração,
Vamos continuar o nosso caminho, sempre vivendo,
Pois as folhas às raízes e ao duro chão retornarão,
Se houvesse tanto ou pouco tempo aprendendo,
Se não houvesse um pouco de sofrimento no coração,
Seríamos folhas, simplesmente perdidas, morrendo...