sábado, 29 de março de 2008

Por que será?

Por que será?
É uma frase que martela na minha cabeça.
Ontem foi meu aniversário e meu pai se esqueceu dele.
Não queria e nem quero presente, nem nada, mas queria a presença dele.
Afinal, ele é o meu pai, mesmo separado da minha mãe.
No domingo passado ele me fez o favor de aparecer aqui em casa com um ovo de Páscoa (coisa que ele nunca fez em toda a vida dele), mas eu tinha visto pela janela a tal mulher dele, que é mais nova do que eu 4 anos.
Foi uma afronta.
Minha mãe disse que nunca havia me visto tão triste como naquele domingo.
Está tudo tão estranho na minha vida...

domingo, 23 de março de 2008

Qualquer dia a gente vai se encontrar...

Canção da América
(Milton Nascimento)


Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de sete chaves,
Dentro do coração...
Assim falava a canção que na América ouvi,
Mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir,
Mas quem ficou, no pensamento voou,
Com seu canto que o outro lembrou...
E quem voou, no pensamento ficou,
Com a lembrança que o outro cantou.

Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito,
Mesmo que o tempo e a distância digam "não",
Mesmo esquecendo a canção.
O que importa é ouvir a voz que vem do coração.

Pois seja o que vier,
Venha o que vier,
Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar,
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar...

sábado, 15 de março de 2008

Dores

Demoro a aparecer aqui, mas sempre venho contar alguma coisa "ruim".
Não é fácil conviver com os transtornos e os pensamentos, sejam suicidas ou não.
Hoje resolvi contar um fato que marcou a minha vida...
A morte da minha avó materna.
Isso foi em outubro de 2004, eu tinha 24 anos na época.
Trabalhava no BB em Carmo-RJ, divisa do RJ com MG.
Eu sabia que a minha avó estava mal e que não demoraria muito para ir para o outro lado.
Quando vim na casa da minha mãe num feriadão de outubro daquele ano, trabalhei na segunda e terça e quarta eram feriados (dias 11 e 12/10).
Viajei na noite de segunda-feira pra amanhecer na terça e viajei na quinta de manhã pra engatar direto no trabalho.
Na quarta-feira, dia 12, foi o último dia que vi a minha avó viva.
Logo no fim-de-semana seguinte, na sexta-feira, ela deu outra esquemia e foi internada.
Há 3 meses ela já não falava.
Minha mãe só foi me contar no domingo.
Na segunda-feira amanheci meio estranha, tinha que chegar mais cedo ao banco.
Aconteceu uma loucura a nível nacional no sistema e o banco só abriu às 14h (tendo que fechar às 15h, cidade do interior).
Eu estava no caixa, fazendo treinamento.
Por causa das quedas bruscas de sistema, tive uma diferença enorme.
Não achava a bendita.
Estava angustiada, tinha tido notícias da minha avó, sabia que ela estava se alimentando bem e tal, mas algo me preocupava.
Às 17h apareceu a diferença.
Fiquei até as 17h 15min tentando encontrá-la e achei-a.
Nesse mesmo instante, minha avó entrava em coma e ia de encontro ao meu avô.
Durante a sua agonia foi o meu momento de angústia da diferença no caixa.
Bom, quando cheguei em casa, quase 19h, minha mãe me ligou pro celular e pediu pra ligar de volta pra ela. O meu primeiro pensamento foi a minha avó.
Eu tinha me esquecido que tinha dado um celular novo pra minha mãe e estava ligando para o número antigo.
Quando dei por mim, consegui a ligação.
Aí ela me contou que vovó tinha desencarnado.
Aí entrei em parafuso, liguei para um dos gerentes para falar sobre isso e ele me autorizou faltar terça-feira, desde que na quarta estivesse de volta.
Eu sabia que o enterro de vovó seria na terça e na quarta de manhã eu poderia pegar o ônibus e voltar para Carmo.
Peguei o ônibus das 02h da manhã para minha cidade. Tive que chamar um taxista conhecido para me levar até o ponto, pois eram 20min de carro e aquela hora não tinha ônibus.
Normalmente o ônibus chegaria na cidade às 06h da manhã, mas como era segunda, o ônibus estava vazio, as rodoviárias vazias, chegou na minha cidade às 05h.
Desci direto no ponto perto do velório. Minha mãe e minha tia me esperavam.
Eu estava sem dormir há mais de 24h.
Fui ao velório direto e vi aquela imagem.
Como me marcou!
Fui em casa trocar de roupa.
Às 06h o corpo ia de São Fidélis para Cambuci, onde seria enterrado às 14h.
Eu tive sorte de chegar cedo.
As horas não passavam.
E eu acompanhei a minha avó.
Às 14h bateu o desespero.
Era o momento final.
Botei os óculos escuros e fui para o cemitério.
Vi o enterro chorando muito.
Sabia que tinha perdido a minha avó, a quem tanto amava e que me criou com tanto carinho.
Ao voltar pra casa da minha mãe, um vazio.
E no dia seguinte, o trabalho.
Viajei no ônibus das 05h 30min e fui pra Carmo trabalhar.
Pelo menos aliviou a tensão.
Em menos de uma semana entraria de férias.
Eu as tinha "atrasado" um pouco para ficar com a minha avó mais um pouco, mas vi que não foi possível...
Resta a saudade...

terça-feira, 11 de março de 2008

Hoje...

Hoje estou estranha...
Muito estranha...
Com medo de mim mesma...

domingo, 9 de março de 2008

Um dia...

Eu disse que um dia eu contaria o que aconteceu no post passado.
E resolvi contar hoje.
Sabe quando você está decidido a dar cabo de sua vida?
Pois é, era um desses dias.
Eu estava decidida mesmo.
Aí tomei os remédios e misturei cerveja, não pouca, mas muita cerveja mesmo.
Eu estava conversando com a mana no MSN.
Eu senti minhas forças se esvaindo, estava eu entrando praticamente em coma alcoólico no mínimo.
Mas eu tinha a mana do outro lado.
Temos a capacidade de nos desdobrarmos e nos auxiliarmos mutuamente.
Naquele dia, por exatas 3 vezes eu estava abandonando meu corpo físico.
Num determinado momento, tombei a cabeça para trás da cadeira e não senti minhas pernas.
Se eu levantasse, cairia, sem dúvida alguma.
Lembro-me vagamente de um determinado momento ter sentido sair do meu corpo.
Devia ser o fim, né?
Senti-me sendo puxada, devia ser quem estava me "acompanhando". Sei que não eram poucos.
Mas vi a mana do meu lado.
Ela estava com suas longas asas abertas e me cobriu com elas.
De repente, abri os olhos.
Nossa, o que tinha acontecido?
Eu tinha ido e voltado do outro lado da vida?
Foi uma experiência indescritível.
A mana falou de um campo florido, o nosso segredo.
Pude retornar tranqüilamente ao meu corpo.
Sentindo-me cansada, depois de mais alguns cortes no braço, fui para o meu quarto.
A mana disse que eu seria libertada da muita coisa.
Na cama, como que um filme, passaram cenas e mais cenas que eu vivi e eram traumatizantes para mim.
Vi as mortes, os velórios, os enterros.
Estavam saindo de mim como um raio cada um desses momentos.
Lembro que eu suava frio e me contorcia na cama, como um pesadelo vivido a olhos abertos.
Olhei para o lado e vi a mana acompanhada de minha amiga que havia falecido em 1997, por suicídio.
Essa minha amiga, Jocilanda, apontou pra mim e falou "anjo".
Apenas isso.
E a mana me confirmou isso no dia seguinte.
Que anjo sou eu?

sábado, 8 de março de 2008

Auto-Mutilação

O que falar desse assunto?
Por exemplo, são quase 9 meses sem auto-mutilação de minha parte.
É um assunto difícil para mim.
Convivo com esse fantasma há mais de 4 anos, sendo que há 9 meses não me auto-mutilo.
Controvérsias há em todos os sentidos.
O que leva uma pessoa a se auto-mutilar?
São vários fatores.
Há aqueles que se cortam por moda, como os emos, e há aqueles que se cortam por conta de um distúrbio ou vários.
Vários são os distúrbios que podem desencadear a auto-mutilação: depressão, ansiedade, transtorno bipolar do humor, transtorno de personalidade borderline, fobia social, síndrome do pânico e tantos outros.
Eu comecei a me cortar por depressão.
Até então eu não tinha um diagnóstico preciso do que eu tinha.
Numa comunidade do orkut, um amigo perguntou num tópico sobre um surto Bipolar tipo I.
Eu tive esse diagnóstico entre tantos outros.
Relato abaixo o post que eu fiz, mostrando a minha cara.

Depois de anos de tratamento, fui diagnosticada com Transtorno Esquizoafetivo Recorrente Grave (mistura de Esquizofrenia e Bipolaridade).
Cheguei a ter um diagnóstico de Bipolar I, passando por uma crise feia. Aliás, várias crises feias.
Mas a mais marcante foi uma vez em que eu ouvia muitas, mas muitas vozes. Elas diziam para eu me cortar e cortar muito. Eu me lembro muito bem de ter praticamente retalhado o meu braço direito (cicatrizes que tenho até hoje, isso já faz 2 anos), quase desmaiar de tanto sangrar, mas me levantei, com raiva ainda e com as vozes me enchendo o saco, comecei a socar a parede até quase sangrar e quebrar minha mão direita (detalhe, o sangue no braço direito escorrendo).
Sentei no chão, me sentindo impotente e tive uma crise de choro convulsiva.
Quando me acalmei um pouco, fui pra janela do apartamento (eu morava no segundo andar do prédio), queria me jogar de lá.
Mas dei as costas, sabia que só ia quebrar alguns ossos.
Lembro-me depois de ter tomado 10 comprimidos de Rivotril de 2mg e 6 de Fenergan e ter dormido por um fim-de-semana inteiro, sem acordar nem pra ir ao banheiro.
Acordei sem noção do tempo mesmo.
Perguntando quando era, o que tinha acontecido.
Aí vi as manchas de sangue.
E continuava o ritual de cortes e sangramentos.
Mas isso é passado.


É uma constante luta todos os dias.
Sei que esses dias tenho andado estranha.
Até que estou sem vontade de me cortar, mas pensei em tomar todos os meus remédios de uma só vez. E pensei e quase fiz isso por 2 vezes em 2 dias seguidos.
A mana falou que ia me cobrir com as suas asas porque as minhas estavam fracas demais.
Isso me lembra de um episódio ocorrido em 2006, pouco antes de eu ir para a clínica.
Num domingo à noite, eu misturei remédio com álcool (e não foi pouco álcool) e senti-me indo embora. Seria finalmente minha liberdade?
Quase me fui por 3 vezes.
A mana me "segurou" no MSN, mas vi tudo indo embora.
Ela me ensinou um segredo que carregamos do campo florido.
Depois que consegui me recobrar um pouco, depois de mais alguns cortes, eu vi a mana do meu lado.
E era de verdade, apesar da distância que nos separava e separa.
Foi uma noite estranha, mas que eu consegui dormir.
Isso foi num domingo, na quarta-feira de manhã da mesma semana eu partia para uma clínica psiquiátrica...
Um dia conto isso com mais detalhes...

sexta-feira, 7 de março de 2008

segunda-feira, 3 de março de 2008

Começando...

O que escrever de início?
Pensei em tantos nomes para o blog que fiquei perdida.
Resolvi colocar o nome de um antigo MSN meu.
Aqui vou abordar diversos assuntos.
Vou contar sobre a depressão, auto-mutilação, amores, desventuras e aventuras, vocações, quedas e levantadas.
Não sei muito o que falar de mim.
Sou uma pessoa eclética, que ama a vida, mesmo depois de ter tentado contra ela 9 vezes sem sucesso.
Amo metal melódico, rock nacional, músicas estranhas. Digo estranhas porque dizem que sou a mestra de encontrar músicas diferentes por aí, como músicas gregas, egípcias e por aí vai.
Amo poesia.
Participei do 2o. livro de Antologia dos Poetas Virtuais, lançado em dezembro.
Tenho bons amigos.
Sofri bastante no decorrer da vida.
Tenho marcas horrorosas da auto-mutilação, tanto física quanto moral.
Mas isso é outra história e fica pra outro dia...
Vou deixar aqui um dos meus poemas...


Folhas perdidas

Surge um grande momento em toda a existência,
A árvore chora suas folhas, quase todas caídas,
Sente que cai um pedaço de toda sua experiência,
A árvore pensa que está sendo sempre traída,
Mas no mundo ainda prevalece a lei da sobrevivência,
Fica o mais forte, restam apenas folhas perdidas...

Se a árvore não soubesse que o mundo dá voltas,
Tudo aquilo que há na vida deve ao início retornar,
As folhas que caem são da sua música as notas,
Não adianta querer viver somente para cantar,
Se todos conservassem no coração suas revoltas,
Quando nós conseguiríamos nos reencontrar?...

Só assim conseguimos entender o sentido da vida,
No momento em que mais precisamos de alguém,
Quando no caminho pessoa alguma nos auxilia na lida,
Vamos em frente, mas junto conosco ninguém vem,
Seria nos nossos sonhos nossa pequena asa partida,
Sabemos que há muitos males que vêm para bem...

Todos no decorrer do tempo somos folhas na verdade,
Sentindo tudo o que há de triste nas nossas vidas,
Verdes, deveríamos procurar aos poucos a felicidade,
Deixar pra trás nossas mágoas, nossas feridas,
Amadurecemos no caminho de volta à realidade,
Quando amarelas, somos apenas folhas perdidas...

E se ainda houver tempo dentro da nossa geração,
Vamos continuar o nosso caminho, sempre vivendo,
Pois as folhas às raízes e ao duro chão retornarão,
Se houvesse tanto ou pouco tempo aprendendo,
Se não houvesse um pouco de sofrimento no coração,
Seríamos folhas, simplesmente perdidas, morrendo...